As vendas registradas no e-commerce brasileiro chegaram a R$ 169,6 bilhões em 2022, um aumento de 5% em comparação ao ano anterior, segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico). Após o boom da pandemia, a entidade aponta que a tendência é o comércio eletrônico seguir em expansão. A previsão é que o crescimento do e-commerce seja de R$ 185,7 bilhões em 2023.
Para os próximos quatro anos, o cenário é favorável, ainda segundo a ABComm. O faturamento esperado é de R$ 205 bilhões em 2024, R$ 225 bilhões em 2025, R$ 248 bilhões em 2026, e R$ 273 bilhões em 2027. O perfil dos compradores é formado majoritariamente por pessoas de 35 a 44 anos, da classe C e moradores da região sudeste. O aumento nas vendas on-line também converge com o crescimento do consumo via mobile, que representa 55% de todas as vendas, ante 45% via desktop. Os smartphones popularizaram-se nos últimos anos, sendo que o Brasil tem mais de dois dispositivos digitais por habitante, de acordo com a Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas empresas, da Fundação Getúlio Vargas.
Alexandre Nogueira, CEO e fundador da Universidade Marketplace, acredita na projeção da ABComm devido ao atual cenário brasileiro com “lojistas avançando, os marketplaces expandindo e crescendo, o acesso cada vez maior à internet”. Para ele, com as regiões Norte e Nordeste sendo atingidas pelo comércio eletrônico, a projeção é “extremamente possível dentro do e-commerce”. Ele estima que 80% desse faturamento está sendo realizado em grandes marketplaces e 20% por e-commerces.
A pandemia de Covid-19, que alterou diversos hábitos, foi um dos fatores que alavancaram as tecnologias digitais e a confiança no e-commerce. Com o comércio presencial fechado, as vendas pela internet tornaram-se a opção mais segura de consumo. Aliás, em 2022, a Unctad (Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento) mostrou que a parcela média de usuários da internet que fizeram compras on-line aumentou de 53% antes da pandemia, em 2019, para 60% após o início da crise sanitária. Os maiores aumentos ocorreram em países em desenvolvimento, sendo que o levantamento considerou 66 países com estatísticas disponíveis.
Sem desconsiderar o saldo negativo de como a pandemia afetou a humanidade, Nogueira assinala que as medidas de isolamento foram responsáveis pela entrada de novos compradores, até então alheios ao digital, como pessoas acima de 60 anos. “Ao mesmo tempo, tivemos uma normalização de consumo de supermercado e bens consumíveis, que acabam sendo recorrentes e estimulam fidelidade”, diz.
Deste prisma, ele acredita que houve uma evolução de “diversos anos em apenas dois anos” e no e-commerce, em particular, verificou-se “um histórico extremamente positivo, mesmo que tenha afetado alguns nichos como viagens e turismo. O consumo online é tão grande como nunca foi”, conclui.